
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão acelerou as articulações políticas da direita e do Centrão em torno da sucessão para as eleições de 2026. Com Bolsonaro em prisão domiciliar, cresce a pressão para que ele defina logo quem será o nome de oposição para enfrentar o presidente Lula. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o nome mais forte nesse cenário, mas a disputa ainda está em aberto.
Dirigentes de partidos como o União Brasil e o PP — este último, presidido por Ciro Nogueira — veem Tarcísio como o candidato ideal, e a articulação para que Bolsonaro o apoie aumentou após o fim do julgamento. Outros nomes, como os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo) e Ratinho Junior (PSD), também estão no jogo, mas todos dependem do aval de Bolsonaro.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, solicitou autorização ao STF para visitar Bolsonaro, buscando uma definição sobre o candidato. O tribunal negou o acesso livre, mas permitiu visitas agendadas de alguns parlamentares. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforça que, apesar das pressas, qualquer decisão passará pelo pai, a quem ele ainda considera o “candidato natural” se a democracia “ainda existir”.
O futuro da candidatura de Tarcísio se entrelaça com o tema da anistia. O governador de São Paulo, que recentemente atacou o ministro Alexandre de Moraes, intensificou sua atuação em Brasília para tentar destravar o andamento do texto. Ele busca reaquecer as negociações com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que têm demonstrado cautela.
Apesar de seu esforço, Tarcísio enfrenta resistências dentro do próprio bolsonarismo. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) expressou insatisfação com o que considera uma performance pouco assertiva do governador.
Além disso, há uma divisão crucial sobre o alcance do projeto de anistia. Enquanto o PL busca incluir no texto a condenação de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível, os partidos do Centrão, como o PP e o União Brasil, insistem em que o perdão deve ser restrito aos crimes relacionados aos atos de 8 de janeiro. Segundo o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), o ponto de discórdia principal é justamente a inclusão da inelegibilidade, o que dificulta o consenso e a aprovação do projeto.