A decisão do Copom de manter a taxa Selic em 15% nesta quarta-feira (17) já era amplamente esperada, mas o tom do comunicado surpreendeu o mercado ao se mostrar mais duro e cauteloso do que o previsto. Mesmo com sinais de desaceleração na inflação de curto prazo, o Banco Central optou por não suavizar sua postura, reforçando o compromisso de manter a política monetária em um patamar restritivo por um período prolongado.

Analistas do mercado, que esperavam um comunicado mais “dovish” (suave) devido à desaceleração da atividade econômica e à apreciação do câmbio, foram surpreendidos por dois pontos em particular:

1. Possibilidade de Nova Alta: O Copom manteve no comunicado a sinalização de que pode voltar a subir os juros, se for necessário. Essa frase, que muitos esperavam ser retirada, reforça a postura de vigilância extrema do Banco Central em relação à inflação.

2. Projeção de Inflação: As projeções para o primeiro trimestre de 2027, o horizonte mais relevante para a política monetária, foram revisadas para 3,4%. Embora pareça uma pequena diferença, o mercado esperava algo em torno de 3,2% ou 3,3%. A projeção de 3,4% ainda está significativamente acima da meta de inflação, indicando um desafio persistente.

Com base nesse comunicado, a perspectiva de corte de juros ainda em 2025 se torna mais distante. O mercado agora consolida a expectativa de que o ciclo de afrouxamento monetário começará apenas em 2026. Para esse ano, no entanto, os economistas veem um espaço para cortes de cerca de 300 pontos-base, o que levaria a Selic a um patamar mais baixo e aliviaria a economia. O Banco Central, no entanto, deve esperar uma evolução mais sólida do cenário econômico para preparar o terreno para essa mudança de rumo.