
Representantes da Ucrânia e dos países da União Europeia estão buscando dialogar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de sua reunião com o líder russo, Vladimir Putin, marcada para a próxima sexta-feira (15) no Alasca. A preocupação central dos líderes europeus, que publicaram uma declaração conjunta sobre o tema (com exceção da Hungria), é que um acordo de paz seja costurado sem a participação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
A principal tensão gira em torno da possibilidade de trocas territoriais. Apesar de Trump ter admitido que o tema pode ser discutido, Kiev e seus aliados europeus insistem que qualquer decisão sobre o território ucraniano só pode ser tomada com a presença e o aval da Ucrânia. Eles temem que Trump e Putin possam concordar em termos que favoreçam a Rússia, especialmente sobre as regiões já anexadas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. Para eles, a prioridade deve ser um cessar-fogo imediato, e não a reivindicação de terras.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, sugeriu que, embora a aliança “nunca poderá aceitar isso em um sentido legal”, o controle russo sobre os territórios poderia ser reconhecido tacitamente, comparando a situação à forma como os EUA lidaram com a anexação dos países bálticos pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, é considerado quase impossível para Zelensky ceder território sem um cessar-fogo prévio, dado o alto custo de vidas na defesa dessas terras.
Analistas apontam que o interesse de Putin pode não ser apenas territorial, mas também em garantir uma Ucrânia mais “amigável à Rússia”, sem o interesse de se juntar à OTAN. No entanto, os líderes europeus insistem que a melhor defesa de Kiev é a manutenção de forças armadas fortes, sem restrições sobre o tamanho do exército ou os equipamentos que podem possuir. Eles também defendem que a Ucrânia não deve ser impedida de ingressar na União Europeia ou ser forçada a se tornar um país neutro.
O governo Trump já retirou a adesão da Ucrânia à OTAN da mesa de negociações num futuro próximo. Para os europeus, manter a unidade do bloco é fundamental. A chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, afirmou após uma reunião de ministros das Relações Exteriores que a UE concordou em “trabalhar em mais sanções contra a Rússia, mais apoio militar à Ucrânia e mais apoio às necessidades orçamentárias da Ucrânia”.