
As ações do setor de frigoríficos registraram fortes quedas na sessão desta quinta-feira (31), após a lista de exceções do plano tarifário dos EUA para o Brasil não incluir carnes. Esse fato gerou apreensão no mercado, levando a desvalorizações significativas para as principais empresas do setor.
A Marfrig (MRFG3) foi o maior destaque negativo, com uma queda de 10,20%, fechando a R$ 21,30. A BRF (BRFS3) recuou 5,65%, para R$ 20,05, enquanto a Minerva (BEEF3) teve desvalorização de 4,45%, encerrando a R$ 4,94, na sessão pós-definição do tarifaço americano.
O Goldman Sachs, apesar de reconhecer que as tarifas podem trazer riscos macroeconômicos mais amplos, não prevê grandes implicações de curto prazo para sua cobertura do setor. Isso se deve, em parte, ao fato de o Brasil ter intensificado consistentemente seu comércio de commodities com a China. No entanto, o banco alerta para impactos moderados na cadeia de suprimentos de carne bovina, dado que 8% das exportações brasileiras são destinadas aos EUA. Nesse contexto, o Goldman Sachs acredita que a Minerva (BEEF3) pode sofrer relativamente mais, especialmente diante das expectativas de mercado crescentes antes da temporada de resultados do 2T25. Por outro lado, o JBS (JBSS3) estaria relativamente protegido, o que reitera as vantagens competitivas de operar uma plataforma multirregional.
É importante ressaltar que 46% da receita da Marfrig é proveniente dos Estados Unidos, diretamente relacionada à sua forte presença no mercado através da operação da National Beef, uma das maiores processadoras de carne bovina nos EUA, adquirida pela empresa.
A expectativa é de volatilidade acentuada nas ações de JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), na visão de economistas. Além disso, investidores estarão atentos aos balanços trimestrais e às revisões do guidance das empresas, pois a queda na receita do mercado americano pode não ser totalmente compensada por outros mercados. “A capacidade de JBS e Marfrig de diversificar suas operações (ambas já têm plantas fora do Brasil que atendem o mercado americano, o que pode mitigar parte do impacto) será o fator-chave para a percepção de risco dos investidores”, aponta um analista.