
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (11) que uma reunião prevista com autoridades dos Estados Unidos para discutir o “tarifaço” de 50% sobre produtos brasileiros foi cancelada devido a uma “interferência política” de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Haddad, a conversa por telefone, que aconteceria nesta quarta-feira (13) com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi desmarcada por e-mail da assessoria próxima a Donald Trump e não foi reagendada. O ministro acusou diretamente a atuação de opositores para inviabilizar o diálogo. “Eduardo [Bolsonaro] deu uma entrevista publicamente dizendo que iria interferir para não conseguirmos negociar. Ele disse que agiria contra os interesses do país”, declarou o ministro à GloboNews.
Haddad comparou a situação brasileira com a de outros países, como a Índia, que conseguiram abrir canais de negociação com Washington. “Aqui há uma força política com expressão na vida pública fazendo uma espécie de anti-diplomacia”, afirmou.
No fim de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem que implementou as tarifas de 50% para produtos importados do Brasil, embora com uma lista de exceção de quase 700 produtos. No entanto, importantes setores exportadores brasileiros, como os de café, frutas e carnes, ficaram de fora, e agora pressionam o governo para chegar a um acordo por tarifas diferenciadas.
Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), esperava que a reunião de Haddad e Bessent evoluísse para uma negociação que incluísse o café na lista de isenções.