
Os mercados financeiros globais operam com direções opostas nesta quinta-feira (18), reagindo às decisões de política monetária da “Superquarta”. Nos Estados Unidos, os índices futuros operam em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq atingindo novos recordes. O movimento é impulsionado pelo Federal Reserve (Fed), que cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou mais dois cortes ainda em 2025, um em 2026 e outro em 2027.
A decisão do Fed surpreendeu positivamente o mercado. Embora o corte inicial de 0,25 ponto percentual já fosse esperado, as projeções da autoridade monetária foram mais otimistas do que o previsto. O novo membro do Fed indicado por Donald Trump, Stephen Miran, defendeu um corte mais agressivo de 0,50 ponto percentual, o que reforça a expectativa de que o presidente possa pressionar por mais flexibilização monetária no futuro. O presidente do Fed, Jerome Powell, no entanto, moderou as expectativas, afirmando que a instituição não precisa agir rapidamente e que as futuras decisões seguirão dependendo dos dados.
Enquanto isso, a política externa de Trump segue em destaque. O presidente americano está no Reino Unido em visita oficial e se reuniu com o primeiro-ministro Keir Starmer. A visita, altamente simbólica e com um tom de pompa, incluiu acordos de investimento de mais de US$ 200 bilhões, com empresas como Microsoft e OpenAI. O governo britânico vê as promessas como uma vitória em um momento de busca por crescimento econômico. Por outro lado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou a necessidade de a União Europeia diversificar laços comerciais para reduzir a dependência, especialmente com o aumento das tarifas americanas.
No Brasil, o Ibovespa Futuro opera em baixa em um movimento de realização de lucros após o recorde da véspera. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15% ao ano, conforme o esperado, foi digerida pelo mercado. Analistas afirmam que, com a Selic nesse patamar, o mercado de ações enfrenta desafios, já que a renda fixa se torna “muito competitiva”. A recomendação para investidores em ações em um cenário de juros altos é focar em setores mais resilientes, como saneamento, energia e financeiro, além de empresas que pagam bons dividendos.
Segundo analistas da XP Investimentos, o início do ciclo de afrouxamento monetário pelo Fed é uma notícia positiva para as ações brasileiras. Historicamente, os retornos do mercado acionário local nos 12 meses seguintes a um corte de juros nos EUA são positivos, com setores de commodities superando os setores domésticos após o início do ciclo. A redução do custo de capital e a expectativa de um dólar mais fraco globalmente tendem a impulsionar o apetite por risco e a valorização de ativos em dólar. No entanto, o risco é que um tom mais cauteloso do Fed ou cortes menores do que o esperado possam reverter esse otimismo.